'' Prelúdio
Às vezes parecia que não podia caber tanto
em tão curto tempo. Mas não, não era loucura
e, mesmo que fosse, eu podia repetir em
lembranças que insistiam em esquecer. Daí...

A história de um gozador
Certa noite eu ouvia tango sob a luz
de velas. Parecia que não ia acabar
nunca a música que iniciara há pouco
e já havia se repetido tantas vezes, há
tantas vezes, tantas vezes... Desde o
dia em que comecei até o dia em que
eu parei de ir ao baile, ainda cismo
nas coreografias. Pareço já conhecer
as piadas e sigo no gargalho. É tanto
motivo que eu até dei uma risada
agora.
Num instante meu coração alterna em
instantes de pulos e freios e eu sem
saber se faz frio, e eu sem saber se
são nervos, emoções, disparos. Penso
se não são os freios sentido frio... Não.
Talvez os pulos estejam sem pedal
de freios... Talvez eles tenham pedais
e me faltem os pés para pisá-los, ou
talvez eu os tenha embora teime em
não usá-los. Talvez nada disso.
Ou aquele frio mesmo.
Ai está a risada das risadas.
Mas bem, como eu estava dizendo,
certa noite eu ouvia tango sob a luz 
de velas. E eu acordei, a vela tinha se
queimado por completo e eu sentia a
luz da chama inicial, uma chama que
se confundia com os raios de Sol que
entravam pela minha janela lateral.
Chamam no portão. Chegou o correio.
Onde eu coloquei aqueles shorts?

Era uma vez um poeta que começa
a receber cartas quando decide
endereçar pelo Brasil. Essas com
intuito de ele reconhecer diferentes
marcas deixadas por alguém; no papel. ''
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