uma prosa.
Às vezes eu fumava um depois que parei de fumar por várias vezes todos os dias e a sensação que às vezes me dava era que sempre via vindo vinha um perigo de algum lugar, algo se aproximando, um carro que parou na porta, o ranger das janelas e aí quando algum cachorro na rua latia, eu já achava que estava perto.Ao mesmo tempo em que me perguntava por que aquilo se aproximaria, eu encontrava algum caminho que era motivo pra se aproximar. E de novo eu me questionava, e de novo eu respondia convicto, - não, não... Evidente que não. Porém de novo o meu mergulho era fundo demais e eu de alguma maneira conseguia eu mesmo me afundar.Não sei se por peso, não sei se por faltar-me alguma habilidade, quanto mais baixo ia de alguma maneira conseguia eu mesmo me afundar. Evidente, qual sentido teria o outro? Olhava pra janela que rangia, a mesma que me permitiria escutar ruídos vindos de fora, e Picles estava pescando cada barulho distante e mais aproximado que vinha. Eu pensando se vem vindo agora que escrevo, tento trazer à tona esse próprio pensamento que por si só me resolvia, e mesmo assim eu insistia, Picles, num resmungo, descia da janela e finalmente conseguiria dormir. Eu parecia que via algum sinal vindo de algum lugar e teimava em escutar alguma coisa que pudesse vir de fora, às vezes até escutava algumas. Por que, mais isso?! Mas como não? Por que também não?Hilário eu ria de novo. Que porra era essa?! Como é que eu posso também estar apenas com essas ideias nessa visão doente que me perseguia. Não, não. Calma! A vida mostrou que nem sempre era tão doente assim. Se tivesse alguma doença em mim, eu estarei sendo arbitrário e que seja e foda-se também, mas ali também tinha, ali tinha, ali, ali, e aquela ali outra pessoa ali também era doente. Que monólogo chato. Era como saber os naipes e a possibilidade numérica exata de um baralho e, saber ao mesmo tempo pelo sentido da visão que tenho que cada uma das cartas está de costas, seja no monte, nas mãos; fechadas ou abertas, sem binariedades nisso, mas também verticais ou horizontais elas estavam de costas, eu sabia os números que poderiam aparecer, assim como as letras e formas. Pensando em baralhos começa então a pensar em ocasiões. O que são, se são milhões, trilhões, ou se era ocasião. Apenas ocasião. Que mania pedante a de alertar-se para ruídos. A descarga na madrugada era incessante e a perseguição parecia gostar às vezes de sentir-se em fuga. - Como bater, como bater? Tento trapacear pela retórica? Ou corro, entrego logo os pontos dessa queda e imediatamente proponho uma melhor de três? Era complicado confiar em ocasiões e...